De que maneira é que as leveduras permitem a investigação de problemas que afectam o Homem? Como de processa a investigação? Qual o porquê da utilização deste modelo? – Perguntas as quais tiveram resposta em entrevista com o Dr. Tiago Outeiro.
Por João Mata, Maria B. Duarte e Rodrigo Silva
Por João Mata, Maria B. Duarte e Rodrigo Silva
No passado dia 11 de Fevereiro, em entrevista com o doutor Tiago Outeiro e com a estudante de doutoramento tivemos a oportunidade de conhecer melhor o modelo experimental que diz respeito às leveduras e encontramos muitas respostas que procurávamos.
As leveduras são seres eucarióticos e, como tal, os ácidos nucleícos estão confinados no núcleo; a sua organização celular é semelhante à do Homem. Este factor constitui uma vantagem mas não é a única.
A utilização das leveduras como modelo justifica-se por muitas razões: são seres fáceis de manipular, não são patogénicos, com uma taxa de reprodução elevada (as leveduras reproduzem-se assexuadamente a cada 30-40 minutos), o seu genoma é conhecido (aproximadamente 6000 genes, 1996), não necessitam de muito investimento, são fáceis de manter e não ocupam muito espaço. Para além disto, uma vez que é um organismo utilizado na produção de pão, cerveja e álcool desde há muito anos (cerca de 20.000), é muito conhecido e toda a informação que existe acerca destes está muito bem organizada e muito completa num site; assim sendo, durante a investigação, qualquer dúvida que surja tem resposta quase que instantânea! Outra vantagem é que muitos dos genes mutados com as doenças humanas em conservados nas leveduras e que é fácil inserir e delectar genes do seu genoma.
A partir da investigação nestes seres vivos mais complexos que bactérias mas muito mais simples que os seres humanos, pode-se transpor para o Homem tendo sendo muito cuidado e tendo em conta outros factores que possam influenciar. Esta extrapolação é possível uma vez que o Homem e as leveduras apresentam mecanismos e proteínas homólogos.
Estes investigadores pertencem ao sector de investigação de doenças Neurodegenerativas do Instituto de Medicina Molecular; os seus estudos neste momento são feitos no sentido de tentar descobrir alguns mecanismos, processos e factos inerentes à ocorrência de Parkinson, Alzheimer e Huntigton. Contudo a utilização das leveduras é possível para muitos outros domínios. As células humanas mutadas responsáveis por estas doenças são bondosa e voluntariamente doadas por portadores das doenças que no geral se mostram sempre muito disponível e colaborantes.
Este modelo apresenta também algumas limitações uma vez que muitas proteínas existentes no Homem não existem nas leveduras e, sendo estas seres unicelulares e como tal muito mais simples que o Homem, há muito mecanismos que ocorrem neste que não têm lugar nas leveduras. É limitativo quando toca por exemplo a nível de neurónios ou comunicação pois, apesar de comunicarem entre si através de feromonas e coisas desse género, todo o processo de sinapses, conectores, neurotransmissores e receptores não acontece. Se a questão interesse dissesse respeito aos neurónios o modelo mais apropriado seria por exemplo os ratos. Mas se o interesse está em processos mais fundamentais, mais básicos, como por exemplo no que diz respeito a agregados de proteínas na célula, as leveduras são um bom modelo porque este processo é semelhante ao que se dá nos neurónios.
Um importante informação ainda a referir é que, a investigação com leveduras, à semelhança de muitos outros modelos, é utilizado e complementado com a utilização de outros modelos. A investigação passa por inúmeras etapas. O modelo escolhido à partida não é escolhido por acaso. São tidos em conta muitos factores.
As leveduras são utilizadas como “tubos de ensaio”; os investigadores conhecem a proteínas e a levedura. Sendo um organismo mais simples, possibilita observar e estudar melhor os mecanismos do funcionamento celular que dizem respeito à questão científica em causa.
Sem comentários:
Enviar um comentário